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Por Josemar Bessa
Quando
eu ainda era um adolescente aprendi uma lição fundamental para minha
vida espiritual com John Owen (1616-1683 – um dos maiores, senão o maior
teólogo Puritano).
John
Owen nos mostra uma distinção essencial entre união e comunhão com Deus.
Como isso foi importante em minha vida. Como é fundamental entendermos
isto. Nós, homens regenerados, somos unidos a Cristo no Pai pelo
Espírito Santo. Esta união, é fundamental entendermos, é uma ação
unilateral de Deus, na qual aqueles que estavam mortos em delitos e
pecados, são feitos vivos, os que eram trevas se tornam luz, os que eram
escravos do pecado são libertos para amar a santidade, se deleitar
nela...
Quando a
Bíblia fala em “união”, deve ficar claro para nós, que o homem é
meramente receptivo, sendo tão somente o objeto da ação graciosa e
soberana de Deus. Este é o estado e condição de todos os homens que de
fato foram regenerados, de todos os que foram feitos santos em Cristo
por seus méritos infinitos.
Comunhão,
é diferente – comunhão com Deus é distinta da união. Todos aqueles que
estão assim em Cristo – unidos desta forma – são chamados a responder ao
abraço amoroso de Deus. Enquanto a união com Cristo é algo definido e
definitivo, a experiência da comunhão com Cristo pode flutuar, variar em
intensidade.
Por que é
essencial perceber isso? Essa é uma distinção teológica e experiencial
nevrálgica, pois protege – e em nossa época de conhecimento bíblico tão
raso, como temos perdido essa distinção – ela protege a verdade bíblica
de que somos salvos pela soberana, radical e livre graça divina.
Essa
distinção mostrada por John Owen é fundamental também porque ela protege
a verdade bíblica de que os verdadeiros filhos de Deus tem uma relação
com o seu Senhor, e como um relacionamento, há coisas que podem ajudar
ou atrapalhar o mesmo.
Não dá
espaço como se conviver com o pecado baseado na união, pois esta difere
da comunhão. Quando um crente se sente confortável com o pecado ( por
comissão – fazendo o que não deve fazer, ou por omissão – deixando de
fazer o que é ordenado ), este inexoravelmente afeta o nível de
intimidade dessa pessoa com Deus. A comunhão está sendo quebrada.
Não é
que o amor do Pai cresce ou diminui para com seus filhos (adotados em
Cristo) de acordo com suas ações, pois seu amor é inabalável e cumprirá o
seu propósito – que não é simplesmente levar ao céu – mas depois de
justificar, santificar até a glorificação, operando novos desejos, dando
novas capacitações... transformando de “glória em glória” na mesma
imagem de Cristo – mas o pecado tende a isolar o crente, fazendo-o
sentir-se distante de Deus – o que será uma flecha cravada num coração
se este for regenerado. Então junto com isso virá as acusações, tanto de
Satanás quando da consciência, o que pode levá-lo a se preocupar de
estar de novo sob a ira de Deus. Na verdade, porém, a comunhão foi
quebrada – e precisa ser restaurada – mas a união está lá – os santos
não estão sob a ira, mas na sombra segura da cruz.
Mas
devemos lembrar que o propósito da união e levar a comunhão cada vez
mais profunda – esse é o objetivo – Embora a consistência e vida
comprometida de um santo em oração, adoração, meditação bíblica... não
sejam as coisas que fazem Deus o amar mais ou menos, essas atividades –
que manifestam o pulsar da nova vida – promovem a bela experiência de
comunhão crescente com Deus, o que todo coração regenerado deseja
ardentemente.
A
negligência dessas coisas ameaçam a comunhão, mas não a união. E é
exatamente isso, essa união eterna, que estimula o verdadeiro filho de
Deus a abandonar o pecado contra Deus, que sempre é rápido em perdoar
por amor a Cristo, e sempre abundante em compaixão misericordiosa, e
fiel em seu amor sem fim por aqueles que estão em Cristo.
Obediência
é fundamental – que possamos entender quão fundamental é o ponto no
qual John Owen quer que nos fixemos. Obediência cristã é fundamental,
mas sempre como o resultado desta união da qual o homem é, como
dissemos, meramente receptivo, e não o terreno para que ela seja
possível. A união, na qual somos apenas receptivos e o único caminho – e
é inexorável em seu resultado – para a comunhão. Deve ficar claro para
nós, homens regenerados, que desta realidade pessoal da união com Cristo
e do Espírito Santo, flui naturalmente ativa comunhão – pois esse é o
propósito da união, levar inexoravelmente a uma vida de santidade na
qual somos dia a dia transformados na imagem de Cristo nos deleitando em
tudo que Deus é para nós em Cristo. Novos corações que amam tudo que
Deus é, são novos corações que amam a santidade sem limites, pois ela
nada mais é que a expressão do caráter do Deus que é santo, santo,
santo. Em comunhão nós adoramos a Deus na única maneira possível: na
“beleza da Sua santidade” – Salmos 96.9
Fonte: Josemar Bessa
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