sábado, 15 de junho de 2013

O bem é mais forte do que o mal


O bem demonstrado é mais eloquente do que o mal realizado e a paz é mais poderosa do que a guerra

Respeito todas as maneiras de pensar e procuro extrair de cada ideologia pelo menos uma coisa que seja positiva para a minha vida. Entretanto, a despeito de me considerar uma pessoa tolerante e respeitadora, não posso aceitar que grupos terroristas, que matam pessoas inocentes, inclusive crianças, sejam tratados como heróis na grande mídia. Infelizmente, há “intelectuais” que suavizam atos contra a vida humana, ao dizerem que tais grupos — considerados revolucionários — defendem causas nobres, haja vista representarem pessoas que têm sido exploradas por classes abastadas ou potências mundiais.
Tenho ouvido alhures (não me pergunte: Onde?) que o massacre de 11 de setembro de 2001 — em que três mil pessoas, aproximadamente, foram mortas — precisa ser revisto, analisado dentro de um contexto, “para não pensarmos que aquilo foi simplesmente um ato terrorista”. Ou seja, “é preciso lançar um olhar sociológico sobre os mandantes e praticantes de tal barbárie”, dizem tais “intelectuais”, defensores de terroristas, sugerindo que aquelas “poucas” perdas de vidas humanas, em relação aos milhões de mortos e explorados pelos Estados Unidos (o grande satã), ocorreram para chamar a atenção do mundo.

Desculpe-me... Mas não respeito terroristas, seja qual for a causa deles, e odeio o terrorismo. Aliás, nenhuma causa pode ser considerada mais nobre do que preservar a vida humana. E, se milhões de vidas estão sendo mortas e exploradas por governos ou classes mais abastadas, a melhor resposta não deve ser a violência. Lembro-me de Gandhi e de seus discípulos, que não tiraram vidas para chamarem atenção, mas ofereceram as suas próprias vidas em prol da causa que defendiam.

No fim da década de 1940, graças àquele homem de pequena estatura, frágil, idoso, que resolveu se opor pacificamente ao ódio dos fundamentalistas religiosos, a cidade de Caucutá — considerada por muitos a mais violenta do mundo, à época — tornou-se pacífica. Gandhi persuadiu os religiosos a se respeitarem, a fim de resolverem as suas diferenças. E, a exemplo de Jesus Cristo, ele fazia orações pedindo paz e encorajava as multidões a darem a outra face.

Ao ver a paz ameaçada, Gandhi, corajosamente, redigiu uma proclamação pública e iniciou um jejum até a morte. Seus discípulos tentaram dissuadi-lo, ao que ele lhes respondeu: “Ou haverá paz em Calcutá, ou eu estarei morto”. Ao terceiro dia do jejum, o corpo de Gandhi se alquebrou; ele estava quase à morte. Sua voz era apenas um murmúrio; sua pulsação estava muito fraca, sem ritmo. Mas a autoridade daquele homenzinho quase-morto fez com que grupos extremistas se dirigissem a ele e confessassem seus crimes, implorando que parasse com o jejum.

Armas ensanguentadas foram depositadas aos pés de Gandhi. E ele, com ousadia, obrigou homens violentos a assumirem um compromisso de proteger seus próprios inimigos! Depois disso, encerrou o jejum com alguns golinhos de suco de laranja e um apelo para que se fizesse de Calcutá “a chave da paz na Índia”. Como um ancião de 77 anos conseguiu realizar na cidade mais perigosa do mundo o que 55 mil soldados bem armados não puderam fazer na cidade de Punjab? Isso mostra que o bem demonstrado é mais eloquente do que o mal realizado; que a vida é mais forte do que a morte; que a paz é mais poderosa do que a guerra e a violência.

Jesus Cristo, o Mestre dos mestres, não tirou a vida de ninguém para chamar a atenção das pessoas, tampouco incitou seus discípulos a fazerem isso. Pelo contrário, Ele deu a sua vida em prol de uma causa realmente nobre. E afirmou: “Eu sou o bom pastor; o bom pastor dá a sua vida pelas ovelhas” (Evangelho Segundo João 10.11).

Ciro Sanches Zibordi

PAD

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